Líthium Ionic, Bravo Mining e Ero Copper, listadas na Austrália e no Canada, revelam que Brasil tem potencial para desenvolver mercado de capitais para mineração
No Wokshop organizado pela Rede Invest Mining sobre soluções para o mercado de capitais na mineração no Brasil, ocorrido durante o Simpósio Brasileiro de Exploração Mineral, em Ouro Preto, na semana passada, que reuniu empresas, profissionais do setor de mineração e especialistas do mercado financeiro, foram apresentados três cases de sucesso de empresas que atuam no Brasil e são listadas na Bolsas da Austrália e do Canada: Líthium Ionic, Bravo Mining e Ero Copper.
Paulo Misk, CEO da junior australiana Líthium Ionic, que desenvolve projeto de lítio no Vale do Jequitinhonha, destacou que para captar recursos em projetos de prospecção mineral não basta ir atrás de investidores, é preciso ter um contexto geológico favorável. Misk contou sobre o trabalho técnico que a empresa vem fazendo desde 2021, quando adquiriu ativos de lítio em Minas Gerais.
“Em maio de 2022, foi feita a primeira captação na TSX, quando foi levantado 14 milhões de dólares. Hoje, nós temos vários analistas acompanhando o nosso projeto, o que dá o suporte que nossos investidores precisam,” disse o executivo.
Segundo Misk, o projeto da empresa está bem localizado, ao lado da CBL, Sigma Lithium e Latin Resources. “As áreas da Líthium Ionic estão bem posicionadas. “Dinheiro, competência e coragem combinaram com o lugar certo,” disse Misk, destacando que dos 1.300 hectares iniciais, a empresa ampliou para 14 mil hectares para serem pesquisados.
“É interessante observar que a Bolsa do Canadá, realmente não tem igual para se fazer investimento inicial, pois lá os investidores acreditam e arriscam nesse momento inicial. Para fazer um financiamento de uma implantação, na faixa de 250 milhões de dólares, já não é tão fácil assim. Mas, é fundamental ter toda essa regulação que a bolsa exige para que investidores estratégicos possam confiar no seu projeto e, assim, investir”, comenta Misk.
Luís Maurício Azevedo, presidente da Bravo Mining, que desenvolve projeto de metais críticos no Pará, explicou como foi o processo de listagem da empresa na bolsa do Canadá. Azevedo contou que a Bravo fez IPO em 2022, sendo aquele um ano difícil para o mercado financeiro, mas que conseguiu captar cerca de 70 milhões de dólares canadense.
“Apesar de termos bancos nos assessorando, 95% dos recursos foram captados pelos diretores da empresa, que em dois anos participaram de mais de 500 reuniões e 20 conferências para vender ações da Bravo, disse Azevedo, destacando que o compromisso do empreendedor é fundamental para atrair investidores.
Hoje, a Bravo tem um market capital de 223 milhões de dólares o que segundo Azevedo, é resultado do trabalho das equipes de marketing e técnica.
O CEO da Ero Cooper no Brasil, Eduardo De Come, explicou que um grupo de investidores canadenses adquiriu os ativos da Mineração Caraíba, em 2016, dando início a atuação da empresa no país. “Traçamos uma rota de investimentos no Brasil focada em cobre,” disse o executivo, explicando que, incialmente, foram investidos 40 milhões de dólares. Em pouco tempo, o investimento deu resultado e a Erro Cooper abriu capital na bolsa do Canadá em 2017 e em 2022 em Nova York.
O principal ativo da empresa no Brasil é a mina de cobre, na Bahia, seguida pela mina de ouro, em Nova Xavantina, no Mato Grosso. Segundo Eduardo, a empresa possui um pipeline de crescimento a longo prazo atraente, com projetos de cobre e ouro em desenvolvimento no Pará.
Para o Coordenador da Rede Invest Mining, Miguel Nery, essas são três experiências muito ricas e emblemáticas que, certamente, espelham a possibilidade de criação da bolsa de venture capital no Brasil, potencializando a atração de investimentos voltados à descoberta de jazidas, principalmente no contexto atual em que o país precisa se posicionar na janela de oportunidades de minerais críticos da transição energética”.