Encontro de executivos promovido pela ADIMB reuniu em Brasília, nesta terça-feira (15/8) empresários, consultores, gerentes de pesquisa e representantes do governo e entidades que atuam no setor mineral brasileiro para debater o papel do país na corrida por minerais estratégicos que vão impulsionar a transição energética que promete revolucionar a economia mundial nas próximas décadas.
Brasil tem uma oportunidade única de liderar a transição para economia de baixo que promete revolucionar a economia do mundo nas próximas décadas. O país possui reservas de minerais estratégicos, como cobre, níquel, cobalto, lítio, titânio, terras raras, nióbio e grafita, considerados essenciais para impulsionar a transição energética e precisa aproveitar essa oportunidade, disse Joe Mazumdar, analista de exploração mineral canadense, durante palestra no Encontro de Executivos do setor Mineral Brasileiro.
Mazumdar apresentou uma visão holística e crítica da oferta e demanda de minerais críticos para transição energética global. Segundo o especialista, o Brasil está bem posicionado, em termos de reservas, mas precisa desenvolver sua capacidade de processamento para agregar valor a sua produção de minerais críticos para energias limpas.
O especialista explicou que para países ocidentais, como EUA e da Europa, o domínio da China na produção de terras raras e grafite é problemático, porque os chineses controlam a capacidade de processamento da maioria dos minerais críticos. A concentração de cobalto na República Democrática do Congo é outro problema segundo Mazumdar, assim como o nacionalismo e mudanças nos acordos tributários no Chile e Peru são risco para o fornecimento de cobre e lítio. O domínio da África do Sul e da Rússia em platina pode comprometer a produção de veículos elétricos, ponderou o canadense, que fez durante sua palestra uma radiografia da geopolítica que envolve a disputa entre países pelo protagonismo de cadeias de suprimento minerais utilizados em tecnologias neutras em carbono. “Espera-se que a demanda por alguns minerais críticos cresça significativamente até 2050 se a transição energética atender às expectativas com maior intensidade de uso, “disse Mazumdar.
Marcos André Gonçalves, presidente do Conselho Superior da ADIMB, destacou a importância da iniciativa. “ O encontro foi muito positivo. A gente conseguiu reunir o público e o privado, Serviço Geológico, ANM, MCTI e BNDES, consumidores e produtores,” avaliou.
Vitor Eduardo de Almeida Saback – Secretário Nacional de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia (MME), disse que o Brasil tem potencial para atração de mais investimentos no setor mineral por causa insumos ligados a transição energética. Ele disse que esta atração pode “ser a porta de entrada para incentivos fiscais e financiamento” para o setor. Segundo ele, a mudança da “percepção” da sociedade sobre a atividade, pode facilitar a licença social para o desenvolvimento de operações.
Mauro Henrique Moreira Sousa– Diretor-Geral da Agência Nacional de Mineração (ANM), disse que o país tem que no contexto mundial da geopolítica dos minerais críticos. “ É importante ter atores também do governo que possam fazer essa interlocução. A NM está pronta e precisa só de estrutura, como a gente tem discutido. Mas independentemente disso, nós temos a capacidade e a consciência de como a gente deve trabalhar para que esse segmento possa se desenvolver dentro do país, com uma regulação apropriada,” disse.
Painel sobre projetos de minerais estratégicos no Brasil
Moderado pelo presidente do Conselho da ABPM, painel apresentou os principais projetos de minerais críticos em desenvolvimento no país, desenvolvido pela Vale, Sigma e a Meteoric Resources, que está esta desenvolvendo depósito de classe mundial de terras raras em Minas Gerais.
“ Estou muito contente de ter participado desse evento porque a gente vê uma congregação entre governo, entre empresas produtoras, de tecnologia, entre agências estaduais, federais, todos buscando o mesmo objetivo que é desenvolver política pública, que é entender a necessidade das empresas para colocar o Brasil numa posição de destaque na transição energética mundial”avalia Marcelo Juliano de Carvalho, diretor executivo da Meteoric.