O impacto da transição energética no desenvolvimento de projetos minerais no Brasil reuniu especialistas durante o IX Encontro de Executivos do Setor Mineral, que este ano, aconteceu em São Paulo, na sede da Abimaq.
O panorama global da mineração e posicionamento do país foi tema do painel de abertura que teve a participação de José Velloso Dias Cardoso, Presidente ABIMAQ, do diretor-geral da Agência Nacional de Mineração (ANM), Mauro Souza, da secretária-adjunta da Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia, Ana Paula Bittencourt, do presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), Carlos Borel Neto, do presidente Conselho da ADIMB, Marcos André Gonçalves, do presidente do Conselho da ABPM, Luis Azevedo e Raul Julgmamm diretor presidente do Ibram.
Durante o Encontro de Executivos do Setor Mineral promovido pela ADIMB, Daniel Carvalho, diretor da Wood Mackenzie, destacou a necessidade crescente de metais críticos para sustentar a transição energética global. Com a eletrificação e o uso de energias renováveis em alta, segundo ele, a demanda por metais como cobre, alumínio, níquel e lítio deve aumentar drasticamente até 2050.
Investimentos significativos serão necessários, com um aumento de 40% no CAPEX para atender às metas de emissões zero. A dependência de cadeias de suprimento, especialmente da China, também foi pontuada por Carvalho.
Parceria estratégica
Raul Julgmamm acredita que o Brasil tem uma oportunidade valiosa de se destacar como líder no fornecimento global de minerais críticos e estratégicos, essenciais para o avanço de tecnologias e equipamentos voltados à transição energética. Ele avalia que se aprimorar o arcabouço regulatório e adotar medidas para aumentar a competitividade da indústria mineral, o país terá condições de condições para promover um desenvolvimento sustentável no setor.
Julgmamm citou a sinergia do IBRAM com ADIMB e a ABPM nos esforços para defender os interesses o setor. E convidou as duas entidades para atuaem em conjunto com o Ibram para mostrar a importância da mineração em fóruns como COP30 e G20.
Já Mauro Sousa destacou que a contribuição dos participantes do encontro vai ser fundamental para uma mineração mais propositiva e que forneça o que o país precisa: “desenvolvimento econômico-social do país. Uma mineração responsável”.
Ana Paula Bittencourt parabenizou a ADIMB pelo enfoque do encontro. De acordo com ela, a transição energética é uma oportunidade “enorme” para a mineração, que ultrapassa os projetos de minerais críticos e estratégico. “E uma porta aberta e a chance que a mineração está tendo de ter todos os olhares, tanto do setor produtivo, quanto dos nichos de tomadores de decisão para mostrar tudo que ela tem para entregar para a sociedade”.
Para Vinícius Souto Morais Reis, CEO/Steinert e Vice Presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Equipamentos para Cimento e Mineração da ABIMAQ, o Encontro de Executivos trouxe à toma discussões importantes que vão impactar o ritmo da economia, principalmente o mercado de mineração para os próximos.
Moraes participou do painel sobre demandas do mercado consumidor de minerais estratégicos. O painel teve como mediador Alberto Machado Neto, Diretor de Petróleo, Gás, Bioenergia e Petroquímica da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos da ABIMAQ e Roberto Adelino, membro do Conselho Automotivo da entidade. O executivo avalia que é preciso fortalecer cada vez mais a cadeia de insumos e de suprimentos para o setor mineral.
Visão da Indústria
O presidente Conselho da ADIMB, Marcos André Gonçalves, conta que o encontro conseguiu cobrir uma gama de assuntos relevantes para o setor mineral brasileiro. “Alguns nos aflige mais, outros menos. Falamos de contexto de mercado no mundo, e presença do Brasil nesse mercado. E da importância de aspectos como ESG, transferência de recursos, dinheiro que sobra no petróleo e que pode migrar da área de óleo e gás para o setor mineral”.
Marcos André diz ainda que os participantes do evento puderam ter uma visão sobre aspectos de comércio, mostrando a representatividade do cobre, níquel, de terras raras e lítio, no contexto das transações comerciais do Brasil. “Tivemos também uma visão voltada para a cadeia de cima, os nossos clientes, por assim dizer, a indústria automobilística. Foi um evento de altíssimo nível”, avalia Gonçalves.
O IX Encontro de Executivos do Setor Mineral teve ainda a participação de Luciano Siani Pires, Senior Advisor da Accenture, membro do conselho da Vallourec; Pedro Paulo Dias Mesquita, Gerente de Inteligência de Mercado de Mineração e Transformação Mineral do BNDES, Rafael da Silveira Leão, da Diretoria de Estudos e Políticas Setoriais de Inovação e Infraestrutura do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Diset/Ipea); e Vinicius Ferreira Cofundador do Jazida.com, que falou sobre os desafio e oportunidades para exploração mineral na era da transição energética.