A Brazilian Nickel está se preparando para desenvolver o projeto Níquel Piauí, localizado no estado do Piauí, que foi adquirido da Vale, em 2014, cuja implantação demandará um investimento total da ordem de US$ 1,4 bilhão, incluindo custos financeiros.

Em entrevista exclusiva a Brasil Mineral, durante a convenção PDAC 2025, o CEO da empresa, Mark Travers, disse que “atualmente estamos caminhando para iniciar a construção, o que evidentemente depende de financiamento, mas avançamos bem os estudos de viabilidade. Nossa engenharia tem progredido e agora estamos caminhando para o que chamamos prontidão para construção. Ou seja, estamos bem avançados. Estamos desenvolvendo um Project Finance, o que significa que estamos conversando com um bom número de credores, globalmente, e estamos recebendo muito apoio, avançando bem em nossas discussões com os credores. Eles fizeram sua diligência, seus estudos, tanto técnicos quanto ambientais e sociais”.

Ele informa que o projeto está recebendo apoio da Development Finance Corporation, dos EUA, que afirmou estar disposta a considerar um empréstimo de US$ 550 milhões. Trata-se de um banco de desenvolvimento dos EUA que está muito interessado ​​em desenvolver cadeias de suprimento de minerais críticos. “Esta é uma quantia bastante significativa do financiamento que precisamos. Outro credor é uma agência de crédito à exportação que apoiará a construção de uma parte crítica de nossa planta de ácido sulfúrico. Serão mais US$ 200 milhões. Também estamos fazendo um progresso extremamente bom pelo lado da dívida. Temos um detentor de royalties que contribuirá com algum dinheiro. Quando todo o financiamento estiver pronto, isso pode ser mais de 60 milhões de dólares. O grande desafio para nós é conseguir os investidores de capital”, observa Travers.

Ele acrescenta que os investidores de capital vão estar interessados ​​principalmente em obter acordos de vendas offtake, para que possam levar o produto e usá-lo na cadeia de fornecimento de baterias para veículos elétricos. “Então estamos falando com vários investidores em potencial, mas também é um mercado muito difícil. Estamos conversando com alguns fundos de capital para minerais críticos globalmente e também com algumas partes governamentais na Europa”.

Além disso, o executivo da Brazilian Nickel disse esperar ser considerado para o fundo de minerais críticos do BNDES e Vale. “Nós realmente esperamos que isso possa fornecer uma boa assistência ao nosso projeto. Também estamos falando com algumas outras empresas que estariam na indústria, na cadeia de fornecimento de veículos elétricos. Elas podem ser empresas fabricantes de automóveis, empresas comerciais e outras que estão na cadeia de fornecimento de baterias”.

Mas ele se queixa que este é um momento muito difícil do mercado. As pessoas estão perguntando se os veículos elétricos vão vender tanto quanto se espera e se realmente é importante investir em empresas de níquel agora, já que há muito níquel vindo da Indonésia”. No entanto, ele pondera que esta é uma visão de curto prazo, embora reconheça que realmente há muito fornecimento vindo da Indonésia e China, com os chineses trabalhando na Indonésia. “É nosso desafio tentar fazer as pessoas olharem estrategicamente e fazê-las ver que daqui a três anos elas realmente precisarão de níquel. Um projeto como o nosso, uma vez iniciado, levará mais de três anos para ser construído. Estamos muito bem posicionados para enfrentar esse desafio de fornecimento no médio prazo”.

Mark Travers acredita que de fato o preço do níquel vai se recuperar no prazo de três anos, quando deve começar a haver escassez do metal na cadeia de suprimentos de veículos elétricos ou baterias. Portanto, é importante que o projeto da Brazilian Nickel esteja pronto para entrar na cadeia de suprimentos. “Fizemos muita engenharia e acreditamos que é um projeto muito forte economicamente. E agora, fora da Indonésia, ninguém está investindo em novos projetos de níquel. As grandes mineradoras não estão investindo. Ao contrário, estão vendendo seus ativos. Por isso, agora estamos tentando dar o impulso este ano. Realmente, vai exigir uma visão estratégica de longo prazo”.

Acordo de compra

Recentemente, a Brazilian Nickel assinou um acordo de compra não vinculativo com a Königswarter & Ebell Chemische Fabrik, uma subsidiária integral da Pure Battery Technologies (PBT), para fortalecer a cadeia de suprimentos de baterias europeia e promover o fornecimento de materiais mais limpos.

De acordo com o acordo, a Brazilian Nickel venderia até 5 mil toneladas de níquel e cerca de 120 a 200 toneladas de cobalto em Precipitado de Hidróxido Misto (MHP) por ano para a PBT. O material seria então refinado usando os processos hidrometalúrgicos de baixa emissão da PBT em sua refinaria sediada na Alemanha, a Königswarter & Ebell Chemische Fabrik, apoiando a meta de estabelecer uma cadeia de suprimentos europeia econômica para materiais de bateria.

Sobre o acordo, Mark Travers, disse: “Este acordo promove a meta da Brazilian Nickel de criar uma cadeia de suprimentos de baterias europeia competitiva em termos de custo, sustentável e com baixo teor de CO2 como uma alternativa às cadeias de suprimentos chinesas. Estamos muito satisfeitos em trabalhar com um parceiro estratégico que compartilha nossa dedicação a práticas responsáveis ​​e sustentáveis ​​em toda a sua organização e estamos ansiosos para concordar com um MOU vinculativo e, finalmente, um acordo de compra formal em 2025. Diversificar o fornecimento de minerais essenciais, como o níquel, é um passo essencial para uma maior segurança econômica e prosperidade europeias.”

O CEO da PBT, Bjorn Zikarsky, afirmou: “Estamos entusiasmados em colaborar com empresas que compartilham nossa dedicação aos mais altos padrões de administração ambiental no processamento de minerais essenciais. Ao trabalhar em conjunto com parceiros que alavancam inovação e tecnologia para reduzir emissões em todas as etapas da cadeia de suprimentos — assim como nós — podemos coletivamente impulsionar um futuro mais sustentável e seguro para materiais de bateria.”

Minerar no Piauí

Sobre o fato de estar desenvolvendo um projeto em um estado sem tradição mineral, como o Piauí, o dirigente da Brazilian Nickel disse que claramente há desafios, por ser uma área onde não há tanto desenvolvimento, nem uma força de trabalho tão grande. Mas também há algumas oportunidades importante, por causa do apoio que recebemos do estado. Nas comunidades locais, eles estão muito interessados ​​em nos ver ter sucesso. Então, eles fazem parceria conosco. Temos acesso a eles quando precisamos de licenças, quando falamos sobre as necessidades da comunidade. Eles estão sempre dispostos a se reunir e discutir conosco para tentar encontrar soluções. Quando se trata da força de trabalho local, temos que investir neles. Temos que investir em uma força de trabalho para o futuro. E também estamos recebendo bastante apoio no lado do treinamento. Como eu estava mencionando, estamos tentando treinar os funcionários agora para as operações daqui a três, quatro anos. Precisamos fazer isso com antecedência, e é nisso que estamos focados”.

O projeto Nickel Piauí visa a exploração de um depósito com reservas de 99 milhões t de mineral de níquel sulfetado contendo 0,84% de níquel e 0,05% de cobalto. O minério permite o seu processamento por lixiviação e o seu alto teor de sílica, que não é reativa, minimiza o consumo de ácido.

Atualmente, a empresa opera uma planta piloto com capacidade para produzir cerca de 1.400 t/ano de níquel e 35 t/ano de cobalto. (Por Francisco Alves, de Toronto).

Fonte: Brasil Mineral

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