Brasil Está A Um Passo De Entrar No Mapa Mundial De Produção De Lítio

O Brasil está a um passo de entrar no seleto grupo de fornecedores de lítio para fabricação de baterias em escala global.

“É um feito imenso para um país que não existia na cadeia de suprimentos até a gente chegar,” afirmou Ana Cabral-Gardner, CEO da Sigma Lithium.


Gardner, que abriu o evento Brazilian Mining Day nesta segunda-feira (6/03), dentro da conferência mundial de mineração PDAC 2023, destacou que a Sigma está colocando no mercado um produto de característica única, que combina eficiência e mineração sustentável.


O lithium que vai ser produzido pela Sigma a partir de abril deste ano ganhou a classificação de pré-químico pelo fato de ser pré-purificado e granulado.


“Em função de um processo de purificação, separação e concentração diferenciado, e único no mundo, conseguimos entregar um produto que viabiliza um custo de refino mais barato para nossos clientes, da ordem de 30%,” explicou Gardner.


Pelo fato de ser granulado, o lítio brasileiro difere do lítio produzido de outros depósitos rochosos como na Austrália, onde o produto é entregue “talquificado”.


“Oferecemos um prêmio de qualidade que vai para a base de custo do cliente,” resaltou.


Gardner contou que a Sigma vai fornecer para um mercado que hoje é concentrado em cinco fabricantes mundiais de baterias (giga factories), localizados na China, Coreia e Japão.


“Esse ganho de margem no refino final facilitou a nossa entrada nesse mercado. A gente viabilizou uma gama de refinadores porque o produto é entregue já na especificação de pureza”


Em fase de comissionamento, a planta da Sigma começa com uma produção anualizada que vai atingir 270 mil ton/ano em agosto, e que será ampliada para 760 mil ton/ano com a entrada de mais duas linhas de produção em 2024.


Em sua apresentação, Gardner mostrou que os volumes de produção vão colocar a Sigma na quarta posição em um ranking de fornecedores mundiais de lítio.


A produção de lítio no Brasil hoje é da ordem de 13 mil ton/ano, e é basicamente destinada ao
mercado doméstico.


Além do diferencial de eficiência, Gardner destacou que a operação da Sigma, localizada no Vale do Jequitinhonha em Minas Gerais, se distingue pelas suas características de sustentabilidade ambiental e social.


Única no mundo a produzir lítio em uma operação sem represamento de tailing, a Sigma também se orgulha pelo desenvolvimento econômico proporcionado à região mineira.


“Estamos colocando uma planta onde não havia nenhuma atividade econômica e abrindo uma estrada para criar o vale do lítio naquela região,” contou, já vislumbrando a perspectiva de que outras mineradoras que iniciam a exploração de lítio em outros depósitos da região possam se beneficiar da infraestrutura da Sigma para processar sua produção.


“Já existem pelo menos oito empresas globais listadas no Canadá e na Austrália que estão investindo em lítio na região”, comemorou, acrescentando que o modelo da Sigma poderá ajudar outras operações com metais críticos no Brasil a alçar o mercado mundial de baterias.

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